
Ansiedade, Depressão e Burnout
“Ando muito ansioso, nervoso e com medos que não sei explicar. Preocupo-me com o futuro e sinto-me perdido, inseguro e pessimista. Encontro-me em constante tensão e com dificuldade em relaxar. Sinto o coração bater muito rápido, dores de cabeça, falta de ar e tonturas. Tenho dificuldade em dormir e concentrar-me. Afasto-me dos outros e isolo-me. Não sei o que fazer para melhorar!
Gostaria de ser ajudado, quero muito sentir-me bem!”
Sobre ansiedade, depressão e burnout
O que é a ansiedade, depressão e burnout?
As perturbações da ansiedade são problemas de saúde psicológica comuns que afetam pessoas de todas as idades – crianças, adolescentes, adultos e idosos.
“1 em cada 6 portugueses sofre de ansiedade.”
Vivemos na era da ansiedade que tem sido objeto de milhares de publicações e é considerada como o mal do século por inúmeras revistas.
O mundo virtual e dos media, fornecem informações e imagens reais à distância de um clique: catástrofes ambientais e sanitárias, imagens cruas de guerra e sofrimento, violência, assaltos, violações, pedofilia, discrepâncias sociais, injustiças, competição, desemprego, consumismo descontrolado e dificuldades nos relacionamentos. Perante tantas adversidades, é inegável que o ser humano se sinta contaminado por este problema psíquico muito presente na sociedade em que vivemos.
A ansiedade é um estado emocional que decorre na iminência de uma situação de perigo, insegurança ou medo, no qual a pessoa precisa de reagir com rapidez ou com eficiência para se auto proteger.
Em alguns casos, é saudável porque é facilitadora da adaptação: mobiliza recursos físicos e psicológicos para enfrentar o que nos ameaça. Possibilita transformações benéficas e facilita o desenvolvimento psicológico. Nos homens das cavernas, como sinal de alerta face a um perigo iminente e real, permitia-lhes a escolha de enfrentar ou fugir de um animal selvagem ou de uma tribo rival. Aqui a ansiedade tem como função a proteção, favorecendo o estabelecimento de atitudes defensivas.
Estas respostas fazem parte de um conjunto de reações naturais do organismo perante a realidade. Habilita a pessoa para ações e reações comportamentais e motoras perante o perigo ou ameaça, livrando-o de situações desagradáveis.
No entanto, a ansiedade pode perder esta função adaptativa, o seu papel protetor e motivador, tornando-se patológica. Em alguns casos, pode transformar-se num distúrbio grave com sérios prejuízos nas relações profissionais e pessoais, interferindo negativamente na autoestima e na vida afetiva.
Nos casos de ansiedade patológica, a pessoa manifesta medo excessivo na ausência de perigos identificáveis ou em relação a situações que não são justificativas. O medo surge como resposta à ameaça real ou inexistente. A ansiedade vive um futuro que ainda não aconteceu e um presente sobrecarregado de medo, tensão e ameaças.
Tudo isto, leva ao esgotamento ou “hipervigilância”. Esta situação patológica constitui um verdadeiro sofrimento.
As pessoas respondem à ansiedade de diversas formas, podendo experienciar ataques de pânico sem razão aparente, desenvolver fobia em sair de casa, isolar-se da família e/ou amigos ou ter pensamentos obsessivo-compulsivos.
Do ponto de vista físico, pode sentir tensão muscular, tonturas, dor de cabeça, batimento cardíaco acelerado, falta de ar, náuseas e vómitos, dor de barriga, dificuldade em dormir ou sensação de “borboletas no estômago”.
Todas as pessoas já se sentiram ansiosas em algum momento da vida. Contudo, quando é demasiado intensa causa mal-estar e sofrimento.
No tratamento desta patologia pode ser necessário o recurso a fármacos que deverão ser sempre prescritos pelo médico. A medicação é, habitualmente, de longa duração e deve ser cuidadosamente acompanhada, evitando a automedicação.
A boa notícia é que um psicólogo vai ajudar proporcionando intervenções eficazes na gestão da ansiedade. Um conjunto de ferramentas e intervenções baseadas na evidência científica, ajudarão a perceber a ansiedade e a mudar alguns dos pensamentos e comportamentos.
Quais são os principais sintomas da ansiedade?
- Dores de cabeça
- Tensão ou dores musculares
- Inquietação e irritabilidade
- Falta de ar
- Palpitações e batimento cardíaco acelerado
- Insónia e cansaço
- Vertigens e tonturas
- Dificuldades de concentração e memória
- Boca seca
- Náuseas e diarreia
O que é a depressão?
A Organização Mundial de Saúde (2012) estima que, em todo o mundo, mais de 350 milhões de pessoas sejam afetadas pela depressão que se tornou um problema de saúde à escala mundial. Em 2030, será a segunda maior despesa de saúde no mundo.
Em Portugal, a depressão representa 10% das doenças psicológicas e tem uma prevalência ao longo da vida de 16.7%. Nos Cuidados de Saúde Primários é o terceiro problema de saúde mais frequente nas consultas.
A depressão é mais debilitante do que muitas doenças físicas. Uma pessoa com depressão tem, em média, 50% mais incapacidade do que uma pessoa com angina de peito, artrite, asma ou diabetes (MHPG, 2012). A depressão constitui um fator de risco para todas as causas de morte relacionadas com doenças físicas. No geral, está associada a um aumento da mortalidade de 50%.
A expressão “estou deprimido” ou “estou em baixo” é frequentemente utilizada quando se sente tristeza e insatisfação com a vida. Os motivos que causam sentimentos de tristeza e infelicidade são de diversa ordem: perdas, separações, desilusões, discussões, contrariedades e frustrações. Estas reações emocionais não serão preocupantes quando proporcionalmente adequadas à situação e com duração limitada. No entanto, estes sentimentos revelam a presença clínica de uma depressão se forem permanentes no tempo e interferirem negativamente na vida pessoal, afetiva ou laboral.
A depressão é uma doença que envolve tristeza, desespero, desmotivação e desesperança. Estas manifestações causam inutilidade, desvalor, desmotivação e exaustão. Normalmente, afetam a autoestima, o sono, o apetite e o desejo sexual, interferindo com as atividades diárias e com a saúde física.
Na forma mais leve permite a vida quotidiana, mas torna tudo mais difícil, cansativo e inútil. Na forma mais grave ameaça a integridade física e a vontade de viver, podendo, em casos extremos, levar ao suicídio. Em todo o Mundo, morrem anualmente quase 800.000 pessoas por suicídio, sendo a segunda causa de morte nos jovens (15-34 anos) e corresponde aproximadamente a 1 morte a cada 40 segundos.
Em Portugal, suicidam-se pelo menos 3 pessoas por dia, mas estima-se que o número possa ser maior, uma vez que o registo nem sempre é feito devidamente.
Vários estudos indicam que o número de tentativas é cerca de 25 vezes superior ao número de suicídios.
A depressão manifesta-se nos sentimentos (por exemplo, sente-se triste, desesperado ou vazio; chora facilmente e isola-se dos outros), nos pensamentos (por exemplo, tem dificuldade de concentração e na tomada de decisões; culpa-se sobre tudo e vê sempre o lado negativo do que acontece), nos comportamentos (por exemplo, deixa de fazer atividades que lhe davam prazer, evita situações e não lhe apetece falar) e no corpo (por exemplo, tem dificuldade em dormir ou dorme demasiado, sentindo-se sem energia, perdendo o apetite ou comendo em excesso, consumindo mais tabaco/álcool do que habitualmente).
As probabilidades de uma depressão são condicionadas por fatores biológicos (genéticos, químicos ou hormonais), ambientais (estações do ano, número de horas com luz), sociais, familiares e pessoais (por exemplo, o tipo de personalidade).
Atualmente, a depressão constitui um dos principais desafios da saúde pública e no qual é urgente e imperativo intervir!
A investigação científica, baseada em meta-análises e revisões sistemáticas das evidências disponíveis, tornou consensual o papel central da intervenção psicológica no tratamento das perturbações depressivas (NICE, 2010). Atualmente, existe um conjunto diversificado de intervenções psicológicas disponíveis para o tratamento da depressão.
O passo mais importante para ultrapassar a depressão é procurar ajuda!
As pessoas deprimidas, quando recebem ajuda adequada, recuperam 80 a 90% do bem-estar (American Psychiatric Association, 2017).
Quando os sentimentos negativos permanecerem e não conseguir lidar com eles deve mesmo procurar ajuda. Se a depressão não for tratada, a situação vai agravar-se e pode causar danos irreversíveis.
Consulte-nos!
Quais são os principais sintomas da depressão?
- Tristeza, infelicidade, irritabilidade ou vazio num período superior a duas semanas;
- Falta de prazer nas coisas que anteriormente gostava de fazer;
- Sentir-se sem valor ou culpado a maior parte do tempo;
- Sentir que tudo se tornou demasiado difícil;
- Pensamos negativos sobre si próprio, o mundo ou o futuro;
- Dificuldades em concentrar-se e em tomar decisões;
- Pensar frequentemente sobre a morte ou o suicídio;
- Sentir-se cansado a maior parte do tempo;
- Pouca energia e motivação;
- Dificuldades em dormir (dificuldade em adormecer, acordar a meio da noite, ter pesadelos, acordar demasiado cedo);
- Perder o apetite ou comer demais, conduzindo a perda ou ganho de peso;
- Sentir dores (por exemplo, dores de cabeça) sem explicação.
O que é o burnout?
O burnout é um tema atual, importante e infelizmente muito presente. Na União Europeia atinge mais de 40 milhões de trabalhadores. Em Portugal, os números são alarmantes e a saúde mental no trabalho encontra-se comprometida.
O trabalho é mais do que um emprego, é uma forma de atribuir significado à vida, a si mesmo e ao outro. Envolve crescimento como ser humano, realização profissional, meio de vida, subsistência, dignidade e respeito.
Atualmente, o enquadramento laboral tem contribuído para o surgimento de doenças ocupacionais fruto da exaustão emocional, sobrecarga de horários, acumulação de empregos, salários baixos, baixa produtividade, relações hierárquicas ainda muito convencionais e pouco tempo para a família e lazer.
Em Janeiro de 2022 o burnout (síndrome de esgotamento profissional) entrou oficialmente como doença do trabalho na classificação internacional de doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde.
Quais são os principais sintomas do burnout?
- Cansaço, dores musculares, dores de cabeça e insónia
- Exaustão emocional, mental e física
- Despersonalização
- Diminuição da motivação e dedicação ao trabalho
- Insatisfação e comprometimento das relações laborais, familiares e sociais
Quais os efeitos psicológicos, sociais e físicos do burnot?
Efeitos psicológicos:
- Vergonha
- Baixa autoestima
- Desesperança
- Sensação de inutilidade
- Passividade
- Letargia
- Perda de memória e concentração
- Depressão
- Indiferença
- Culpa
- Solidão
- Suicídio
Efeitos sociais:
- Perda de status
- Perda da rotina diária
- Desintegração da vida familiar
- Perda dos vínculos laborais
- Isolamento e diminuição da comunicação
- Perda da identidade do trabalhador
Efeitos físicos:
- Perda da mobilidade física
- Obesidade
- Insónia
- Ansiedade
- Alcoolismo
- Sedentarismo
O passo mais importante para ultrapassar o burnout é aceitar a doença e procurar ajuda.
Consulte um psicólogo, estamos aqui para si!