Stress e Burnout

“Sinto-me esgotado do trabalho e preciso de ajuda. Estou constantemente cansado, sem energia e desmotivado. Sinto que estou a entrar em burnout e preciso de aprender a gerir o stress e a pressão do trabalho. Quero procurar ajuda para me recuperar e voltar a sentir-me motivado.”

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Sobre Stress e Burnout

 

O local de trabalho representa uma parte muito importante na vida de cada pessoa. É no trabalho onde passamos muito do nosso tempo, onde obtemos os rendimentos para gerirmos a nossa vida e, muitas vezes, onde fazemos amigos.

 

Se por um lado, o trabalho pode ser protetor para a saúde mental e bem-estar geral, por outro lado pode potenciar o desenvolvimento de um problema de saúde mental ou agravá-lo caso já exista.

 

As empresas portuguesas perdem até 3,2 mil milhões de euros por ano devido à diminuição da produtividade relacionada com o absentismo e o presentismo causados por stress e problemas de saúde psicológica.

O que é o burnout?

Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelo excesso de stress no trabalho. O termo “burnout” deriva do inglês e significa “queimar por completo.”

 

O termo burnout surge como uma atualização linguística para um desafio de longa data, outrora conhecido como esgotamento ou até mesmo denominado como neurastenia. Neurastenia é um termo que já foi utilizado no passado para descrever um estado de fadiga mental e física, caracterizado por sintomas como exaustão, fraqueza, cansaço, irritabilidade e dificuldade de concentração. Embora neurastenia e burnout partilhem algumas semelhanças, o conceito de burnout evoluiu para um espectro mais amplo de problemas relacionados com o trabalho e questões organizacionais.

 

O termo burnout foi cunhado na década de 1970 pelo psicólogo Herbert Freudenberger, e desde então tem sido amplamente estudado e reconhecido como um importante problema de saúde ocupacional.

 

Quando se fala em burnout, também pode ser relevante abordar o impacto do “dano existencial”. Embora nem sempre amplamente discutido, o conceito de dano existencial refere-se à perda de sentido e propósito na vida como resultado do esgotamento. Trata-se de um conflito que danificou a alma.

O indivíduo pode sentir uma desconexão profunda das atividades, metas e até consigo mesmo. Isso pode levar a questões existenciais, falta de motivação e uma sensação geral de desesperança em relação ao futuro. Portanto, entender e considerar o dano existencial é fundamental para uma compreensão dos impactos do burnout na vida das pessoas.

 

Em 2019, o burnout entrou oficialmente na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS como um fenómeno ocupacional associado ao emprego e desemprego. A aprovação da décima primeira revisão desta lista aconteceu no dia 25 de maio desse ano, durante a assembleia da OMS em Genebra.

 

Um estudo da OMS considerou o burnout uma das principais problemáticas associadas à saúde dos europeus e americanos, juntamente com a diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares.

As três problemáticas são silenciosas nas fases iniciais, trazendo desafios acrescidos em termos de diagnóstico. São preveníveis na maioria das vezes, mas numa fase avançada, altamente limitadoras e passíveis de terminar em morte.

 

O burnout pode acabar em morte? Sim, pode. O trabalhador, em esgotamento profissional, ao encontrar-se num estado de exaustão muito grave pode, no limite, morrer. A morte pela exaustão associada ao trabalho, designada por Karoshi, é de difícil diagnóstico, pela complexidade da causalidade entre trabalho e morte.

 

Burnout conduz à diminuição da eficiência no trabalho e a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a depressão e a ansiedade conexas ao trabalho causam a perda de cerca de um milhão de biliões de euros na economia mundial.

 

Burnout é uma síndrome que se caracteriza por:

–  Exaustão emocional e profissional. A causa do desgaste é o trabalho;

 

–  Sentimentos de despersonalização, cinismo, desumanização. A despersonalização, sintoma comum no burnout, é caracterizada pelo distanciamento emocional, desligamento afetivo e atitude de indiferença em relação ao trabalho e às pessoas. O colaborador começa a perceber-se como um mero “objeto”. Essa desconexão emocional traduz-se numa atitude mais fria, cínica e desapegada em relação ao trabalho e aos colegas;

 

–  Realização profissional comprometida (sentimento de fracasso e incompetência).

Quais os principais sintomas do burnout?

  • Cansaço constante;
  • Stress crónico;
  • Falta de energia, de forças e motivação;
  • Insónias, sono agitado;
  • Problemas cardiovasculares;
  • Somatização, palpitações, problemas gástricos, alergias;
  • Angústia;
  • Irritabilidade;
  • Desconfiança de tudo e todos;
  • Agressividade;
  • Diminuição do desempenho no trabalho;
  • Desconexão e indiferença;
  • Sentimento de fracasso;
  • Baixa autoestima;
  • Sentimentos de frustração e desesperança;
  • Insensibilidade;
  • Isolamento social, instropeção (a pessoa começa a afastar-se, o trabalho passou a ser fonte de stress e não de prazer e gratificação).

Estilo de pessoas propensas ao burnout:

–  Dedicadas ao trabalho e que gostam muito do que fazem;

–  Empáticas;

–  Sensíveis;

–  Humanas;

–  Obsessivas, rígidas, detalhistas, perfecionistas;

–  Com exigência elevada (fazem sozinhas o que deveria ser feito em grupo);

–  Autocríticas;

–  Hiperativas. O foco é o trabalho, vestem a camisola. Workaholics;

 

–  Trata-se de uma condição comum em profissionais que lidam com altos níveis de exigência no trabalho, como médicos, enfermeiros, professores, policiais e bombeiros. Na realidade, encontra-se associado a profissões que envolvem sobrecarga de trabalho, alta pressão e responsabilidade, como medicina, ensino, segurança pública, direito, entre outras.

 

Quais as principais causas do burnout?

As causas do burnout são multifatoriais.

 

– Carga excessiva de trabalho e acumulação de tarefas. Pessoas viram máquinas, com funções multitasking, sentem-se sobrecarregadas e desumanizadas;

 

– A falta de flexibilidade de horários e os turnos irregulares contribuem significativamente para o desenvolvimento do burnout. A imposição de horários rígidos e a necessidade de trabalhar em turnos desregulados conduz a um desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

O número de horas excede, em muitos casos, as 8h diárias, fruto da baixa produtividade que ainda existe em Portugal. As pessoas compensam essa baixa produtividade trabalhando mais horas sob mais stress;

 

– A pandemia de COVID-19 e a mudança para o trabalho remoto contribuíram para o aumento dos casos de burnout. Muitas pessoas enfrentam novos desafios e incertezas nesse contexto;

 

– Outro fator importante, em Portugal, os salários são baixos em termos europeus, seja o salário mínimo seja o salário médio. Obriga as famílias muito endividadas a trabalhar um grande número de horas: recurso frequente a horas extraordionárias ou à acumulação de empregos. Este enquadramento provoca um aumento do nível de stress: familiar, relacionamentos, relações laborais e com a própria pessoa;

 

– No próprio ambiente de trabalho as relações hierárquicas ainda são muito convencionais: o chefe manda e o colaborador obedece o que provoca descontentamento, falta de integração e de espírito de equipa. Cultura ligada ao cinzentismo e autoritarismo. Existem casos em que as pessoas não abandonam as empresas, mas abandonam os seus chefes.

 

O burnout deixa a pessoa literalmente “sem chão”. Quando há um despedimento contra a vontade da pessoa, ela sente-se impedida de fazer aquilo que sempre gostou, amou e se dedicou.

Num estudo realizado pelo Expresso em 2023, constatou-se que as más relações com as chefias levaram a um prejuízo de 5,3 mil milhões de euros nas empresas, resultando no afastamento de funcionários.

 

– Certas empresas concentram-se no lucro com planos de negócio agressivos e por vezes mesmo impossíveis de concretizar, adotando uma postura altamente comercial. Assistimos a uma preocupação com o capitalismo baseado no lucro e não com o humanitário. Pessoas viram números.

 

– Pressão constante por resultados. Aos trabalhadores são, muitas vezes, exigidos resultados irrealistas e praticamente impossíveis de alcançar.

 

– Competitividade extrema;

 

– Falta de clarificação das funções;

 

– Falta de autonomia;

 

– O ambiente de trabalho gera problemas na Europa e em todo o mundo. Os colaboradores queixam-se de falta de reconhecimento corporativo e apoio emocional. O sentimento de não pertença torna-se cada vez mais notório.

 

– Falta de recompensa ajustada à responsabilidade e ao esforço. Tratamento injusto. Falta ou diminuição das regalias;

 

– Falta de suporte;

– Conflitos interpessoais;

– Falhas na comunicação.

 

O que dizem as pessoas quando sofrem de burnout?

“Não aguento mais isto. Estou farto.”;

 

“Sinto uma enorme pressão na cabeça e um zumbido constante.”;

 

“Não descanso, não durmo bem. Acordo em pânico a pensar que no outro dia tenho que ir trabalhar.”;

 

“A família foi ficando para tràs, ao mesmo tempo sentia irritabilidade, falta de paciência e cansaço.”;

 

“Sem me aperceber, fui deixando de ler, de pintar, de conversar, de aproveitar os fins de dia, de sorrir ou sentir o sorriso dos que me eram próximos. Passava pelos dias como se vivesse num mundo parelelo.”;

 

“O número de horas por dia cresceu, a disponibilidade em folgas e férias era uma constante. Um desafio aceite, depois outro, até ao ponto de ter mais de dois em simultâneo. Nunca disse “não” por medo de me sentirem incapaz, por receio de causar desilusão.”;

 

“Começaram a surgir erros no trabalho rotineiro, lapsos de memória, divergências entre a frase pensada e a frase falada, culpa, cansaço, adormecer em qualquer lado, tristeza e mais cansaço. O meu corpo parecia querer “desligar”, as pernas pesavam toneladas e era difícil manter os olhos abertos, mesmo durante a condução.”

 

“Um dia senti o vazio! Tive a certeza de que não era capaz de desempenhar bem o meu trabalho, os olhos enchiam-se de lágrimas sem qualquer intenção, na cabeça apenas sentia vazio. E tive de admitir…não aguento mais! Não sou capaz! Preciso de ajuda!”

 

Tratamento

Quem já experienciou uma realidade profissional pautada pelo respeito, flexibilidade, realização profissional versus uma realidade pautada pelo autoritarismo, automatismo reconhece bem a diferença e os seus impactos! Em boa verdade, existem impactos bem difíceis de gerir sozinho.

 

O estigma em relação à doença mental representa um forte obstáculo à procura de ajuda! As pessoas doentes, as entidades empregadoras e os colegas de trabalho necessitam ultrapassar preconceitos. 

Ir ao psicólogo não é para malucos, é para pessoas saudáveis e que precisam mudar de vida!

 

O tratamento do burnout envolve mudanças na rotina de trabalho e no estilo de vida do indivíduo.

 

O tratamento para o burnout varia de acordo com a gravidade do problema e das necessidades individuais da pessoa. O objetivo é ajudar na gestão do stress e recuperar a energia física, mental e emocional.

Algumas opções de tratamento para o burnout incluem:

1. Psicoterapia

Altamente recomendada para pessoas com burnout. Forma eficaz de lidar com o stress e as emoções associadas à síndrome.

Quais as vantagens da psicoterapia?

– Identificação de fatores de stress. O psicoterapeuta ajuda-o a identificar os fatores de stress laboral e a desenvolver estratégias de coping para lidar com o problema.

– Aprendizagem de habilidades sociais que auxiliam na resolução de conflitos, comunicação eficaz e gestão do tempo.

– A psicoterapia ajuda na redução dos sintomas desenvolvendo estratégias para lidar com o stress e promover o autocuidado.

– Prevenção da recorrência: a psicoterapia ajuda-o a identificar sinais precoces de burnout e a desenvolver estratégias para prevenir as recaídas.

– Melhoria do bem-estar geral, promovendo a autoconsciência, a resiliência e a autoconfiança.

2. Medicação

Medicamentos antidepressivos e/ou ansiolíticos são, frequentemente, prescritos no alívio da sintomatologia do burnout.

3. Mudanças no estilo de vida

4. Mudanças no trabalho

O tratamento para o burnout deve ser feito por um profissional de saúde mental e/ou médicos.

Cada caso é único e requer uma abordagem individualizada. A psicoterapia é uma opção de tratamento altamente eficaz e ajuda-o a recuperar saúde e bem-estar!

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